Porque Assassin’s Creed Shadows NÃO SALVOU a Ubisoft?

Desde o anúncio, Assassin’s Creed Shadows carregou um peso injusto: o de ser o jogo responsável por salvar a Ubisoft de uma crise cada vez mais pública. A editora francesa viu seu valor de mercado despencar nos últimos anos, acumulando dívidas, cancelamentos e decisões criativas questionáveis.

Mas, apesar de todas as controvérsias, o novo capítulo da saga dos Assassinos surpreendeu: Shadows é, sim, um sucesso — só que isso não significa uma salvação imediata.

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Assassin’s Creed Shadows: sucesso de público e impacto nas vendas

Lançado em março de 2025, Shadows rapidamente se tornou um dos jogos mais vendidos do ano nos EUA e, por um bom tempo, liderou a lista dos mais vendidos da Steam. A Ubisoft revelou que o jogo ultrapassou a marca de 3 milhões de jogadores simultâneos, um número expressivo — mesmo que parte disso venha via assinaturas do Ubisoft+, disponível no PC e Xbox.

O desempenho foi tão positivo que a própria empresa afirmou que Shadows “estabeleceu um novo padrão” quando comparado com jogos como Origins, Odyssey e Mirage.

A única comparação que a Ubisoft evita fazer é com Assassin’s Creed Valhalla — que, lançado durante a pandemia e junto da nova geração de consoles, foi considerado por eles mesmos uma “tempestade perfeita” que talvez nunca volte a se repetir.

Mas… por que Shadows não salvou a Ubisoft?

O sucesso de um único título não é suficiente para cobrir anos de prejuízos e decisões problemáticas. A Ubisoft amarga uma dívida superior a 880 milhões de euros e viu seus últimos grandes lançamentos, como Star Wars Outlaws, Skull and Bones, Avatar: Frontiers of Pandora e Prince of Persia: The Lost Crown, fracassarem comercialmente.

Além disso, a empresa acumulou polêmicas como:

Shadows é um ponto fora da curva nesse cenário — mas sozinho, não dá conta de reverter toda a maré negativa.

Um paralelo inevitável: Ubisoft e o “efeito Capcom”

Imagem: Capcom

Muitos jogadores comparam o atual momento da Ubisoft ao que a Capcom viveu antes de lançar Resident Evil 7. Na época, a desenvolvedora japonesa também enfrentava desgaste com o público, críticas e incertezas.

Mas RE7 não foi o “salvador”. Ele foi o primeiro passo. A virada real da Capcom veio com uma sequência de acertos: Resident Evil 2 Remake, Monster Hunter World, Devil May Cry 5 e até Mega Man 11. A Capcom saiu da crise com consistência, não com uma única vitória.

Esse é o caminho que a Ubisoft precisa seguir. E a empresa sabe disso.

O papel da Tencent e o futuro da Ubisoft

A esperança da Ubisoft agora parece estar na nova estratégia ao lado da Tencent, que passará a ter envolvimento direto nas próximas produções de Assassin’s Creed, Rainbow Six e Far Cry. A expectativa é que isso traga um novo padrão de qualidade, talvez colocando fim à criticada “fórmula Ubisoft”.

Ainda assim, permanece a dúvida sobre o futuro de outras franquias importantes como Splinter Cell, Ghost Recon, Rayman e Prince of Persia. Algumas podem sumir, outras podem ter escopos reduzidos ou serem congeladas indefinidamente.

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O que realmente pode salvar a Ubisoft?

Um sucesso pontual é bom. Mas o que a Ubisoft realmente precisa é de uma sequência de bons lançamentos, consistência criativa e coragem para abandonar fórmulas desgastadas. Se Shadows for mesmo o começo dessa virada — como RE7 foi pra Capcom —, há esperança.

Mas lembre-se: tempestades, mesmo as boas, passam.

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