Análise de Digimon Story Time Stranger (PS5)

O coração de Digimon Story Time Stranger é incrível. Para quem já curtiu os jogos da série Digimon Story Cyber Sleuth, sabe que a essência de descobrir, treinar e evoluir seus Digimon é onde este RPG tão aguardado brilha.
Entretanto, o jogo, por vezes, se atrapalha em sua própria proposta. Sua estrutura linear e focada na narrativa acaba limitando a liberdade que poderia ser explorada na jogabilidade. Você assume o papel de um Agente, um membro treinado de uma organização secreta que investiga “anomalidades”. Quando algo inexplicável acontece, é a sua missão desvendar o que está rolando.
A aventura começa com uma investigação em uma área central de Tóquio, que por acaso já foi palco de um evento bizarro anos atrás. Essa introdução é interessante, e logo você se depara com os enigmáticos Digimon.
Uma Viagem no Tempo
Como o próprio título sugere, a trama envolve saltos entre diferentes linhas do tempo, sempre em meio a essas anomalias. E, embora viagens no tempo possam complicar a narrativa, o jogo consegue trazer algumas reviravoltas legais — eventualmente.
Porém, antes de ver o título na tela, você passa cerca de dez horas fazendo trabalho de detetive sem empolgação, explorando as ruas — e esgotos — de Tóquio. A história é previsível e as missões secundárias, no geral, são mal apresentadas, fazendo você questionar as intenções do jogo.
Construindo seu Time
Enquanto isso, você vai formando um time de Digimon para batalhas em turnos. A vontade de evoluir e experimentar os poderes dos novos parceiros é forte, mas, além de um esgoto que você revisita várias vezes, falta espaço para brincar com os sistemas RPG que o jogo oferece.
Felizmente, a situação melhora quando você chega ao Mundo Digital. Diferente da recriação repetitiva da nossa realidade, este lugar é ricamente construído, repleto de criaturas e construções excêntricas, tornando-se, possivelmente, a melhor representação do Mundo Digital em qualquer jogo da série até agora.
Chegar a essas áreas pela primeira vez é um ponto alto do jogo, e Time Stranger parece, finalmente, encontrar seu ritmo. Você encontra mais de 450 Digimon ao longo da jornada, o que dá uma sensação de opções quase infinita. Para ver sequer metade deles, você precisará aproveitar ao máximo o sistema de Digivolução — que envolve treinar, evoluir e até reverter seus parceiros.
A Diversão da Digivolução
São constantes as escolhas a serem feitas, já que cada Digimon tem sua própria árvore evolutiva, que se divide em diferentes direções com base nas suas habilidades atuais. E assim começa a “maratona” — mas é uma maratona divertida, graças à liberdade que o sistema de Digivolução oferece.
A descoberta de novos elementos é o que realmente dá prazer em Time Stranger. Contudo, a frustração aparece quando o jogo raramente proporciona oportunidades para se aprofundar nesse “grind” desejado. O design dos calabouços, excessivamente focado na história, se torna um obstáculo, uma vez que voltar para resetar os inimigos se torna um processo entediante.
O jogo poderia se beneficiar de um calabouço aleatório — algo como os Mementos de Persona 5 — para que você pudesse mergulhar melhor na parte mecânica da experiência. Ao invés disso, você enfrenta uma série de corredores curtos que mal acomodam o crescimento do seu grupo principal de Digimon, sem contar os centenas de criaturas reservas que você pode carregar.
Estratégia nas Batalhas
Sobre o combate, ele é sólido, mas não espetacular. A mecânica segue o clássico sistema de fraquezas de pedra-papel-tesoura, mas há uma profundidade extra com as fraquezas elementares, bônus temporários e efeitos de status.
O segredo é formar um time equilibrado, considerando diferentes tipos de Digimon e suas habilidades. Pense também na distribuição de atributos, pois um inimigo defensivo, por exemplo, pode ignorar danos físicos, exigindo um aliado com habilidades mágicas para vencê-lo.
As batalhas em Time Stranger têm muitas camadas, e é por isso que é bom ter uma pequena tropa de Digimon. No entanto, as lutas contra os chefes podem ser bastante desafiadoras.
Desafios com Chefes
Em geral, parece que os chefes têm muita vida no nível de dificuldade normal. Embora mecânicas únicas possam tornar as batalhas mais administráveis em fases, elas ainda podem testar sua paciência. O problema principal é que se você não tem um time preparado para enfrentar o chefe, a situação pode se tornar bem cansativa. Há momentos em que ficamos sem saída porque não trouxemos um tipo específico de Digimon.
Nessa hora, você pode acabar queimando itens de cura ou precisando baixar a dificuldade. Ou ainda, voltar para um save anterior e reorganizar seu time — mas isso significa ter que grindar na mesma dinâmica que já falamos.
Questões Técnicas
Você pode estar pensando que Time Stranger soa como um verdadeiro desafio, mas, como mencionamos, ele acerta em várias coisas. É uma pena que muitos desses elementos não recebam a atenção que merecem.
E falando em merecer, quem joga no PS5 deveria ter uma performance técnica melhor. Curiosamente, o jogo é limitado a apenas 30 quadros por segundo no PS5 e no PS5 Pro. Não é um problema que inviabiliza o RPG, mas as quedas de taxa de quadros são frequentes, o que torna a experiência frustrante em algumas partes da aventura.
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