Você está cansado da abordagem repetitiva de narrativa da Sony?

Um novo artigo da IGN sobre a abordagem da Sony em contar histórias em seus games tem gerado bastante repercussão. Intitulado “Estou ficando entediado com cada jogo do PlayStation contando a mesma história”, o texto provoca tanto concordância quanto críticas, o que é sempre um sinal de que o assunto é relevante.

A questão central levantada é que os desenvolvedores de primeira linha da Sony, como a Naughty Dog e a Santa Monica Studio, estão com uma tendência crescente de focar em temas como “luto” e “vingança” para construir suas narrativas. Não dá para negar: a PlayStation conquistou seu espaço nos últimos anos ao contar histórias mais “maduras”, com visuais realistas e atuações dignas de cinema.

Esses jogos single player têm sua grande base de fãs que clama por eles, especialmente quando a Sony fala sobre novos investimentos em serviços online. No entanto, o artigo menciona que as narrativas, que antes eram originais, estão começando a se parecer demais. A sequência de “The Last of Us”, por exemplo, explora o ciclo de violência através da busca de Ellie por vingança, permitindo que os jogadores entendam os efeitos nocivos de não deixar a raiva ir.

Esse conceito de tragédia e perda também está presente em “God of War”, que, embora comece na Grécia, se aprofunda em temas de luto na sua narrativa nórdica. O artigo ainda cita “Ghost of Yotei”, onde a nova heroína, Atsu, busca vingança contra um grupo chamado Yotei Six.

O texto menciona outros exemplos, como “Marvel’s Spider-Man” e “Returnal”, que também lidam com a dor familiar, mas deixa de fora títulos como “Horizon Forbidden West” e “Ratchet & Clank: Rift Apart”. Isso parece um pouco injusto, já que esses jogos seguem uma proposta bastante distinta.

É verdade que existe um padrão em muitos dos jogos da Sony. Desde a perspectiva de câmera em terceira pessoa até dramas de alta tensão nas histórias, isso pode não agradar a todos. Mas, ao mesmo tempo, é fundamental destacar os jogos que fogem desse molde, mesmo que apenas para equilibrar a conversa.

Por exemplo, “Horizon Forbidden West” se aproxima mais da ficção jovem adulta do que do drama intenso visto em várias outras produções da Sony. O jogo conta uma história ambientada em um mundo pós-apocalíptico governado por dinossauros robóticos, o que até diferencia bastante seu tom e abordagem.

Outros jogos, como “Astro Bot” ou “Stellar Blade”, definitivamente não se encaixam nessa narrativa de luto ou vingança. E claro, “Gran Turismo 7” não tem nada a ver com veículos que buscam vingança, mesmo que a ideia pareça divertida.

Painéis de dor e vingança são, sim, elementos naturais da condição humana e estão em muitos enredos, tanto em jogos quanto em outras mídias. Um exemplo é “Clair Obscur: Expedition 33”, que também lida com conflitos familiares e a dor da perda em sua narrativa. Se este jogo tivesse sido produzido pela PlayStation, será que teria enfrentado críticas semelhantes?

A verdade é que a Sony tem uma diversidade de jogos que vai além das famosas “aventuras do pai triste”, que tanto se critica. Títulos como “Marvel Tokon: Fighting Souls”, por exemplo, poderão abordar vingança de uma maneira muito mais leve, apenas quando pressionamos o botão de “rematch” entre amigos. E sobre “Intergalactic: The Heretic Prophet”, ainda sabemos muito pouco para fazer comparações.

Juntamente com “Marvel’s Wolverine”, que tem tudo para explorar temas de vingança, fica a questão: essas características não são intrínsecas ao personagem? Afinal, se um personagem de quadrinhos já tem essas motivações, por que a crítica só recai sobre os jogos, e não sobre as origens dos próprios personagens?

No final das contas, mesmo que temas se cruzem em alguns jogos, cada um tem seu tom, identidade e lore própria. Dizer que eles são todos iguais porque têm uma vibe similar é um exagero. É como dizer que você está cansado de ficção científica só porque a maioria dos filmes se passa no espaço.

A crítica principal parece ser que nem todos se identificam com a abordagem mais dramática e cinematográfica da Sony. E embora essa não seja uma característica que se aplique a todos os jogos da empresa, de fato compõe uma parte significativa da sua linha de produção.

Entender essa diversidade é importante. Seria como pedir à Nintendo que parasse de fazer jogos de plataforma vibrantes, apenas porque isso está se tornando repetitivo. Novamente, isso não é tudo que a Nintendo produz, mas é uma parte grande da sua essência.

É curioso discutir isso em um momento em que a PlayStation busca se expandir em outros gêneros, como jogos de tiro online com “Helldivers 2” e “Concord”. Mas isso é um debate que talvez mereça ser feito em outra ocasião.

Queremos saber de você: tem sentido que os jogos da Sony têm narrativas similares? Se sim, quais elementos estão te afastando dos jogos?

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