Mega Man Legends flopou por causa de ARROGÂNCIA, afirma Keiji Inafune

Hoje em dia, Mega Man Legends é lembrado com carinho por muitos fãs da franquia. No entanto, quando foi lançado originalmente, o jogo não alcançou o sucesso comercial esperado — e isso, segundo o próprio produtor Keiji Inafune, aconteceu por um motivo muito mais humano do que técnico: arrogância e desconexão com o público.
Em um trecho recém-traduzido do livro “What Kind of Decision is That!”, publicado em 2011 no Japão e pouco conhecido no Ocidente, Inafune abre o coração e compartilha reflexões sinceras sobre os bastidores de Legends.
Ele admite que acreditava que o público infantil, principal base da série Mega Man, seguiria qualquer direção que a franquia tomasse — algo que, segundo ele, foi um erro que custou caro.
“Nós achamos que podíamos tudo — e pagamos o preço”
Durante a transição para o 3D, Mega Man Legends foi ousado: trouxe mecânicas de RPG, gráficos poligonais e uma proposta mais voltada para exploração, com um apelo maior para jogadores mais velhos e fãs de anime. A intenção era conquistar novos públicos sem perder os antigos. Mas não foi isso que aconteceu:
Na época, Mega Man era um sucesso absoluto entre crianças do ensino fundamental. Estávamos confiantes — confiantes demais — de que, não importasse o que fizéssemos, elas nos apoiariam. Então mudamos as coisas. Introduzimos gráficos em 3D, adicionamos mecânicas de RPG e tentamos atrair um público mais amplo: fãs mais velhos, adolescentes, até “otakus” que já tinham superado a série.
Achamos que poderíamos ter tudo. Mirar alto, e que as crianças continuariam conosco. Mas elas não continuaram.
As críticas foram positivas. O jogo em si não era o problema. O problema foi que não entendemos nosso público.
Presumimos que poderíamos seguir em frente, evoluir além deles, e que eles simplesmente nos acompanhariam. Subestimamos nosso público. Subestimamos sua lealdade, sua inteligência, suas expectativas.
E esse erro nos custou — caro.
Keiji Inafune, criador do Mega Man
Ele reforça que a qualidade do jogo não foi o problema, mas sim a falta de entendimento sobre quem era o público e o que ele esperava. “Subestimamos sua lealdade, sua inteligência, suas expectativas.”
A queda que gerou uma nova fase

O fracasso do projeto levou Inafune a repensar sua relação com a franquia e com os fãs. Após uma reunião com seu chefe, onde ouviu que “não se pode mudar o passado, só seguir em frente”, ele resolveu resgatar as raízes da série, ouvindo novamente o público que um dia abraçou o robozinho azul.
O resultado? A criação de Mega Man Battle Network, que se tornou um dos maiores sucessos da Capcom nos anos 2000, principalmente entre os jovens jogadores que se sentiram representados novamente pela proposta da série.
Voltamos às nossas raízes. Paramos de tentar impressionar todo mundo e lembramos da alegria de criar algo para alguém.
O resultado? Reconquistamos o carinho. Reconquistamos a confiança. E sim, reconquistamos o dinheiro também.
Keiji Inafune, criador de Mega Man
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Mega Man Legends: um legado além das vendas
Mesmo com desempenho abaixo do esperado, Mega Man Legends conquistou uma base fiel de fãs e é, hoje, um jogo cult dentro da série. A honestidade de Inafune ao reconhecer seus erros mostra não só a paixão pelo personagem que criou, mas também o respeito pelo público que o acompanhou por décadas.
E quem sabe? Com tantos pedidos por um Legends 3, talvez a série ainda tenha um futuro reservado — agora, com muito mais entendimento sobre quem está do outro lado do controle.
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