Marathon adia lançamento indefinido: futuro dos jogos em risco?

Durante a última década, o mundo dos jogos passou por uma transformação significativa. Os jogadores notaram que a indústria começou a focar fortemente na busca por lucros massivos. O objetivo era claro: cada empresa queria ter seu próprio jogo como serviço de sucesso.

Apesar dessa tendência, não dá para dizer que os jogos singleplayer foram esquecidos. Títulos como Clair Obscure: Expedition 33 ainda mostram que o prazer de jogar uma história envolvente não desapareceu. Mas a mentalidade mudou. As empresas não se contentam mais em vender um jogo e pronto. A nova estratégia é criar um ambiente interativo, quase como uma rede social, onde é possível gerar uma receita contínua.

Imagina só, cada lançador de jogo sonhando em ter números como Fortnite e Genshin Impact. Para ter uma ideia, apenas três anos após seu lançamento, Genshin Impact já tinha arrecadado mais de US$ 5 bilhões. Ele se tornou o jogo mobile com maior receita rápida. Já o Fortnite, apenas em 2023, trouxe incríveis US$ 3,5 bilhões para a Epic Games, respondendo por 80% do faturamento da empresa. Não à toa, a loja da Epic ainda luta para competir com a Steam.

Contudo, essa corrida pelo lucro não vem sem suas armadilhas. Quando todo mundo corre atrás do mesmo ideal, as coisas podem desandar. Exemplos como Anthem, Esquadrão Suicida, Concord e Marathon mostram que nem todo projeto tem um final feliz. Mesmo o aclamado Destiny 2 tem enfrentado desafios, e isso merece atenção.

Mudança de cenário

A transição de jogos para serviços foi impulsionada pelo auge das redes sociais. A percepção de que um jogo só é valioso se tiver um grande número de jogadores fez com que o modelo mudasse. Porém, nem todas as franquias seguiram essa nova tendência. Algumas optaram por um modelo híbrido, onde mantêm a essência dos jogos fechados.

Monster Hunter, por exemplo, tem mecânicas que lembram jogos como serviço, mas ainda entrega experiências completas. Final Fantasy conserva seus títulos singleplayer, mesmo com um jogo online na mesa. No fim das contas, a comunidade de jogadores é essencial para definir o sucesso de um jogo. War Thunder, por exemplo, ficou famoso não só pelo jogo, mas pela forte interação de sua base de fãs.

A grande diferença

Os jogos como serviço que bombam normalmente mantêm os jogadores engajados por meses, ou até anos. Esse cenário, porém, gera uma limitação: a maioria das pessoas só tem espaço financeiro e de tempo para um serviço por vez. Por outro lado, os jogos tradicionais oferecem flexibilidade. Muitos compram um jogo mesmo sem saber quando poderão jogá-lo. A realidade é que, no modelo tradicional, você pode curtir a experiência sem a pressão de perder conteúdos.

Ainda assim, o mercado tem espaço para muitos jogos normais. Contudo, para os serviços, a competição é feroz. Os jogadores podem se sentir pressionados a jogar tudo rapidamente, ou perder as novidades para sempre.

Casos de sucesso

Entre os títulos que se destacam, Helldivers 2 é um ótimo exemplo. Lançado em 2025, sua recepção foi positiva e engajou uma comunidade vibrante. Temos também Path of Exile e Warframe, que, apesar de enfrentar desafios, mantêm o modelo de negócio gratuito com compras opcionais para financiar suas atualizações. Ambas as comunidades são ativas, realizando eventos como ExileCon e Tennocon.

Esses jogos não estão livres de polêmicas, mas conseguiram se firmar no mercado. Helldivers 2, por exemplo, criou uma conexão verdadeira com a comunidade, ao permitir que os jogadores decidissem sobre doações para ONGs com suas escolhas no jogo.

Dura realidade

Enquanto as histórias de sucesso chamam a atenção, os fracassos também estão por aí, e muitos não podem mais ser ignorados. Várias grandes editoras já enfrentaram grandes perdas em projetos de jogos como serviço. A Square Enix, por exemplo, ficou desapontada com Babylon’s Fall, que não alcançou o sucesso esperado.

Essa realidade mostra que, mesmo com promessas tentadoras de grandes lucros, os riscos são visíveis. A lição que fica é que o espaço para jogos como serviço é limitado. Novos títulos terão espaço apenas se um dos já consagrados falhar. Por outro lado, há um vasto espaço para os jogos completos e tradicionais.

Futuro?

A busca pelo sucesso rápido e fácil continua a seduzir desenvolvedoras. Mas, com os altos custos de fracassos recentes, parece cada vez mais claro que a tendência pode estar se esgotando. Para empresas como a Sony, que investiram pesado em estratégias de serviço online, o caminho a seguir é complexo. Mudar toda a abordagem de uma empresa é muito mais desafiador que ajustar um jogo específico.

E, além disso, é cada vez mais comum ver jogos que eram pensados como serviços optando por modelos mais tradicionais. Os jogadores estão mais atentos aos preços e mais resistentes a mudanças rápidas, pressionando as empresas a reconsiderarem suas estratégias. A realidade é que o que antes parecia um mar de oportunidades agora se apresenta como um território mais escasso.

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