Deveria ser free-to-play? Concord foi lançado no formato ERRADO

Nos últimos anos, a indústria dos jogos tem sido marcada pela ascensão dos títulos live-service, que buscam monetizar os jogadores ao longo do tempo através de microtransações e outros conteúdos pagos. Existem dois tipos principais de jogos live-service: os que exigem um pagamento inicial e os que são free-to-play.

Embora ambas as abordagens visem lucrar com os jogadores, os títulos free-to-play frequentemente adotam táticas mais agressivas, muitas vezes bloqueando mecânicas inteiras atrás de paywalls. No entanto, jogos pagos também não estão isentos dessas práticas, como é o caso dos cosméticos caros de Diablo 4.

A estratégia “pague primeiro” da Sony em jogos live-service

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Em 2022, a Sony anunciou um ousado (e, para muitos, arriscado) plano de expandir sua presença nos jogos live-service, revelando que tinha 12 projetos em desenvolvimento.

A previsão era que seis desses títulos fossem lançados no ano fiscal de 2025, mas desde então, o progresso tem sido difícil. Um exemplo notável é o cancelamento do projeto multiplayer da Naughty Dog, que indicou os desafios inerentes a essa estratégia.

Apesar dos obstáculos, a Sony continua avançando com seu plano. O principal sucesso até agora, Helldivers 2, foi bem recebido e mantém uma base saudável de jogadores, mesmo com a inevitável perda de usuários ao longo do tempo, comum no gênero.

Por outro lado, Concord, um dos lançamentos mais recentes da Sony, lutou para conquistar jogadores, nunca superando mil jogadores simultâneos no Steam e perdendo adeptos desde o lançamento.

Ambos os jogos foram lançados com um preço inicial, mas adotaram abordagens de monetização ligeiramente diferentes. Enquanto Helldivers 2 foi elogiado por sua monetização justa através dos Warbonds, Concord evitou passes de batalha, mas ainda apresenta microtransações para cosméticos.

Foamstars e o caminho para o free-to-play: Concord seguirá?

Imagem: Square Enix

Um exemplo recente que destaca os desafios da Sony é Foamstars, um jogo da Square Enix lançado com uma recepção mediana e que rapidamente perdeu relevância. Inicialmente oferecido como exclusivo do PlayStation Plus por um mês, o jogo agora está se tornando totalmente free-to-play em uma tentativa de atrair novos jogadores.

Mesmo com um preço inicial, Foamstars sempre teve um modelo de monetização que se assemelhava aos jogos gratuitos, com cosméticos caros que geraram críticas.

Essa mudança para o free-to-play não é inédita entre jogos live-service que enfrentam queda no número de jogadores, mas serve como um lembrete das dificuldades de manter um modelo pago viável nesse mercado saturado. A dúvida que permanece é se Concord também precisará adotar esse caminho para sobreviver, especialmente em um cenário onde jogos gratuitos bem estabelecidos dominam o espaço.

O dilema dos jogos pagos

Embora o preço inicial de US$ 40 ofereça uma barreira menor em comparação aos títulos AAA que podem custar o dobro, convencer os jogadores a pagar antecipadamente por um jogo live-service é um desafio crescente.

Isso é especialmente verdadeiro quando há tantas opções gratuitas bem estabelecidas que os jogadores já estão acostumados a consumir. A exclusividade para consoles também complica o cenário, embora a Sony tenha adotado uma abordagem mais sensata ao lançar esses jogos simultaneamente no PC com crossplay para tentar suavizar o impacto na base de jogadores.

Os jogos free-to-play geralmente veem um aumento significativo no número de jogadores, algo que Concord claramente precisa.

No entanto, há um desejo entre parte da comunidade para que os jogos pagos possam coexistir no gênero live-service, proporcionando uma experiência menos predatória e mais focada na qualidade. No entanto, com exceção de Helldivers 2, parece que essa estratégia ainda não se mostrou viável para a Sony, que pode precisar ajustar seu rumo.

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A aposta da Sony em jogos live-service pagos, enquanto busca diferenciar-se das práticas agressivas do modelo free-to-play, enfrenta uma batalha difícil. A necessidade de convencer jogadores a pagar antecipadamente em um mercado repleto de alternativas gratuitas é um desafio que tem impactado diretamente o sucesso de títulos como Concord.

Com um cenário competitivo e a pressão por números de jogadores, a Sony pode precisar reconsiderar sua abordagem para garantir que esses jogos não apenas sobrevivam, mas prosperem.

Enquanto a busca por um espaço no mercado para jogos com monetização justa continua, resta ver como a Sony ajustará sua estratégia para os próximos lançamentos. Uma coisa é certa: o futuro dos jogos live-service pagos é incerto, e cada novo lançamento trará lições valiosas para a indústria.

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