Cronos: A nova alvorecer para PS5

Cronos: The New Dawn é uma ousada mistura de ficção científica e terror desenvolvida pelo time polonês Bloober Team. O jogo traz à tona suas inspirações de forma clara, mas também faz questão de se destacar com um estilo visual marcante.
Quando se trata da jogabilidade, pode até parecer que falta um pouco de originalidade, mas o que ele faz, faz muito bem. Para quem curte títulos como Dead Space e The Evil Within, essa experiência é, sem dúvidas, uma empreitada que prende a atenção.
O cenário é devastador, resultado de um evento cataclísmico conhecido como “A Mudança”. Prédios quebrados, pedaços de terra flutuando e um manto espesso de névoa dominam a paisagem. Pior ainda, ao explorar as ruínas das vizinhanças — que lembram a real região de Nowa Huta na Polônia —, você se depara com abominações mutantes.
### Navegando em 1980
No papel de O Viajante, você viaja no tempo para a Polônia dos anos 80 com a missão de coletar a essência de figuras chave. As verdadeiras intenções da misteriosa Coletiva são um mistério, deixando você sem saber se está realmente ajudando a humanidade ou não.
O enredo foi a nossa primeira grande surpresa em Cronos. A narrativa envolve tantas questões intrigantes sobre a origem da doença e como A Mudança ocorreu, que muitas vezes deixa mais perguntas do que respostas. Os diferentes locais que você visita — como um complexo de apartamentos ou uma fábrica de aço — ajudam a construir essa história profunda. Cartas e fitas de áudio preenchem algumas lacunas, e as cutscenes adicionam um toque extra.
Adoramos como a protagonista, conhecida apenas como ND-3576, é interpretada. O diálogo distante que ela apresenta contrasta com pequenas faixas de humanidade em sua entrega, resultando até em momentos engraçados, apesar da atmosfera sombria ao seu redor.
### Visuals e Sonoridade
Dizem que as aparências enganam, mas se Cronos fosse avaliado apenas pelo design visual, certamente seria nota máxima. Este mundo claustrofóbico traz uma arquitetura brutalista impressionante, iluminação fantástica e criaturas horríveis, com ambientes altamente detalhados.
A cinematografia é forte, e mesmo que as fases fiquem meio repetitivas no final, sempre há algo novo para encontrar. Para complementar, a trilha sonora é excelente, alternando entre paisagens sonoras tensas, faixas eletrônicas e até corais etéreos. Tudo isso se une para criar uma experiência visual e sonora surpreendente.
### Jogabilidade
No entanto, falando de jogabilidade, Cronos tende a ser a parte mais familiar do jogo. Os armamentos, o design das fases e até o recurso de dar um “pise” nos inimigos foram inspirados em outros jogos do gênero. Certamente você já deve ter jogado algo semelhante, mas tudo aqui mantém um padrão elevado.
Há toques únicos, como o desenho dos ninhos de criaturas, repletos de restos mutantes. O som ambiente cria uma atmosfera de paranoia, dificultando distinguir entre o que faz parte do cenário e o que é um inimigo à espreita. Essa escolha intencional de design contribui para a tensão.
O marcador do scanner corporal, que indica quais corpos estão vivos e preparados para atacar, adiciona um pouco mais de imersão à jogabilidade. A cada passo em corredores cheios de corpos mutantes, essa pequena ferramenta é bastante útil.
### Desafios e Variedade
O jogo também conta com mecânicas interessantes, como o uso das botas gravitacionais para saltar entre plataformas. Essas áreas oferecem algumas das melhores visuais e mudam tão rapidamente, que você precisa estar sempre alerta.
Uma adição tensa é a mecânica de fusão, onde inimigos tentam unir suas forças com os que você já derrotou. Se eles conseguem, se tornam maiores e muito mais difíceis de eliminar. Você pode queimar corpos se estiver com um maçarico, mas mesmo assim, essa dinâmica aumenta a tensão nas batalhas, principalmente porque os inimigos são bastante agressivos.
A variedade de inimigos é interessante, incluindo desde ações regulares até criaturas robustas e versões combinadas, o que adiciona um desafio a mais.
### A Experiência de Combate
No entanto, a parte do combate deixou uma leve decepção. A ação é sólida e ganha ritmo na fase final com a descoberta de novos equipamentos. Mas, admitindo abertamente, parece faltar algo — como a desmembramento visto em Dead Space. Embora o recurso de fusão seja uma boa ideia, a dinâmica do combate em geral não tem o mesmo brilho.
Entre os combates, Cronos oferece espaços relativamente lineares para explorar, com algumas áreas opcionais. É nessas áreas que você encontra energia, moeda, munições e pedaços de história. A busca por chaves e passcodes é semelhante ao que encontramos em Resident Evil.
Energia e Núcleos são utilizados para melhorar seu personagem. Enquanto a energia ajuda a melhorar armas, ampliando dano e estabilidade, os núcleos aumentam espaço no inventário e a saúde.
### Gerenciando Recursos
A gestão do inventário traz um desafio interessante, pois você precisa ser seletivo sobre o que carregar. Uma vez que o espaço está cheio, é necessário usar ou descartar algo — não dá para simplesmente deixar para depois. Embora possa parecer restritivo, muitos jogadores gostam de planejar quais itens levar, facilitando a sobrevivência nos confrontos.
Jogamos no PS5 Pro, onde há modos de qualidade e desempenho, visando 30 e 60 quadros por segundo, respectivamente. O visual é impressionante, mas notamos algumas quedas de frame rate ao entrar em novas áreas. A resposta tátil do DualSense também poderia ser um pouco mais envolvente, pois, embora alguns sons sejam bem representados, a implementação de gatilhos adaptativos poderia ser melhor.
Cronos: The New Dawn entrega uma experiência visual incrível e uma narrativa intrigante, embora com detalhes que poderiam ser mais polidos na jogabilidade.
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