Comentário da EA sobre Dragon Age The Veilguard é CRITICADO por ex-líderes da BioWare
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A relação entre a Electronic Arts (EA) e os fãs de Dragon Age parece mais conturbada do que nunca. Após o CEO da EA, Andrew Wilson, sugerir que Dragon Age: The Veilguard poderia ter vendido melhor se fosse um live-service, ex-desenvolvedores da franquia não perderam tempo em criticar a visão da empresa sobre a série.
As declarações levantaram polêmica, principalmente porque The Veilguard já havia passado por uma tentativa frustrada de se tornar um jogo como serviço antes da EA decidir voltar atrás. A experiência com Anthem, outro título da BioWare que fracassou ao adotar esse modelo, aparentemente não foi suficiente para afastar essa mentalidade dentro da publisher.
Mike Laidlaw: “Eu teria pedido demissão”
O ex-diretor criativo da franquia, Mike Laidlaw, foi um dos primeiros a reagir às declarações da EA. Em suas redes sociais, ele ironizou a ideia de transformar um RPG single-player de sucesso em um jogo puramente multiplayer:
“Olha, eu não sou um CEO sofisticado, mas se alguém me dissesse “a chave para o sucesso dessa franquia de jogo single-player é transformá-la completamente em um jogo multiplayer. Não, não um spin-off: mude fundamentalmente o DNA do que as pessoas amavam no jogo original”, eu provavelmente, sei lá, pediria demissão ou algo assim.
Mike Laidlaw, ex-diretor criativo de Dragon Age
Laidlaw trabalhou na BioWare por mais de 15 anos e foi um dos responsáveis pelo crescimento da franquia Dragon Age. Ele estava envolvido no desenvolvimento de The Veilguard, mas deixou o estúdio quando o jogo passou por sua tentativa inicial de ser transformado em um live-service.
“Quem seria ingênuo o suficiente para exigir algo assim? …Duas vezes.”
Mike Laidlaw, ex-diretor criativo de Dragon Age
A alfinetada deixa claro que Laidlaw acredita que a EA não aprendeu com os erros do passado, especialmente após o fracasso de Anthem.
David Gaider: “Sigam o exemplo de Baldur’s Gate 3”
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Outro ex-BioWare que se manifestou foi David Gaider, escritor principal dos primeiros Dragon Age. Ele argumentou que a EA está tomando decisões baseadas em tendências do mercado, sem realmente entender o que torna Dragon Age especial para os fãs:
Se eu realmente tentar ser empático, consigo entender o pensamento deles. Tipo, suponhamos que você não sabe muito sobre jogos. Você está em um grande escritório com vários outros executivos que também não sabem muito sobre jogos. O que eles estão dizendo? “Jogos live service fazem grandes números!”, “Jogos de ação estão em alta!”
David Gaider, ex-escritor da BioWare
Gaider sugeriu que a EA pare de tentar reinventar a roda e apenas olhe para o sucesso de Baldur’s Gate 3, um RPG focado em narrativa profunda e liberdade de escolha, assim como Dragon Age sempre foi:
Minha dica para a EA (não que eles se importem): vocês têm uma franquia que as pessoas amam. Profundamente. No seu auge, ela vendeu o suficiente para fazer vocês felizes, certo? Olhem para o que ela fez de melhor no ponto em que vendeu mais. Sigam o exemplo da Larian Studios, e invistam ainda mais nisso. O público ainda está lá. E esperando.
David Gaider, ex-escritor da BioWare
O futuro de Dragon Age e o mercado de RPGs
Enquanto a EA insiste na ideia de live-service, RPGs tradicionais continuam mostrando sua força. O sucesso avassalador de Baldur’s Gate 3 deixou claro que o público quer experiências ricas em história e sem compromissos com modelos multiplayer ou microtransações.
Mike Laidlaw seguiu seu próprio caminho e fundou um estúdio indie. Seu mais novo jogo, o RPG single-player Eternal Strands, já está disponível para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X|S – e curiosamente, sem qualquer elemento de live-service.
Agora, resta saber se a EA realmente aprenderá com o passado ou se voltará a tentar empurrar um modelo que a comunidade rejeita.
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O debate sobre Dragon Age continua quente, mas uma coisa é certa: os fãs querem um RPG profundo, não um live-service genérico. Será que a EA vai escutar a comunidade ou insistir nos mesmos erros?
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