Banjo-Kazooie – Chances de ter um novo jogo são “quase zero”

Em janeiro, Grant Kirkhope — o lendário compositor de Banjo-Kazooie, GoldenEye 007 e DK64 — viralizou ao dizer nas redes sociais que tinha “zero esperança” de ver um novo jogo da série Banjo-Kazooie. A fala causou comoção entre os fãs, mas agora, meses depois, ele esclareceu melhor o que quis dizer — e os motivos não são nada animadores.
Segundo Kirkhope, há pelo menos quatro grandes obstáculos para o retorno da dupla:
- A Rare não parece interessada em revisitar a franquia;
- Microsoft provavelmente delegaria o projeto a outro estúdio, o que pode comprometer o tom cômico britânico característico da série;
- Vendas seriam um problema: apesar do carinho dos fãs, ele acredita que o jogo não venderia o suficiente para justificar os custos;
- Ele mesmo não sabe se seria chamado de volta, apesar de deixar claro que aceitaria “em um piscar de olhos”.
Segundo ele, se o chamassem, ele voltaria em um segundo. “Não sei se ainda tenho ‘Banjo’ em mim, mas daria o meu melhor”, afirma Kirkhope.
Qual estúdio poderia assumir um novo Banjo-Kazooie?

Kirkhope menciona dois nomes fortes que já se mostraram interessados: Toys for Bob e Moon Studios. Ambos demonstraram respeito pela franquia e poderiam trazer uma nova vida à série, caso a Microsoft esteja disposta a liberar a IP.
Mas ainda assim, ele reforça: o humor britânico é difícil de replicar e não dá para simplesmente terceirizar isso para qualquer estúdio genérico.
A trilha sonora do sucesso… criada em 15 minutos?
Kirkhope também revelou que o famoso tema da tela de pausa de GoldenEye 007 foi feito em cerca de 15 minutos, com um beat de hip-hop e o clássico tema de Bond por cima.
Sinceramente, levei uns 15 minutos, se tanto. Quando você compõe a música de pausa de um jogo, não espera que alguém vá ouvi-la. Você imagina que a pessoa vai pausar, ir ao banheiro, tomar um café, pegar uma pizza… e não ouvir. Eu só pensei: vou colocar a melodia de Bond ali. E na época, o hip-hop estava em alta e esse foi o primeiro jogo em que trabalhei, eu não fazia ideia do que estava fazendo. Coloquei uma batida de hip-hop — era um bumbo 808 — e pronto. Esqueci disso depois.
Grant Kirkhope, compositor de Banjo-Kazooie
Hoje, a música virou meme no TikTok e até atraiu o rapper Babyface Ray, que queria usá-la em uma faixa. A Rare recusou, mas Kirkhope recriou a música e liberou o uso com os direitos do novo master.
DK Rap na mira de Seth Rogen e… no filme do Mario
O DK Rap, de Donkey Kong 64, voltou à mídia com o filme do Mario da Illumination, mas sem o devido crédito para Kirkhope.
Na verdade, não foi uma decisão deles. Foi da Nintendo. Eu até me comuniquei com a Nintendo, porque queria entender por que não colocaram meu nome nos créditos. Eles disseram que decidiram que qualquer música retirada dos jogos que eles possuem não teria os compositores creditados — com exceção do Koji Kondo. Depois, decidiram que qualquer faixa com vocais seria creditada, então o DK Rap aparece lá. Mas logo em seguida definiram que, se eles também fossem donos da música, não creditariam os compositores. E isso foi a pá de cal. Eu disse: “Entendo que vocês têm suas políticas e tudo mais, mas quando os créditos com as músicas começam a passar no filme, o cinema já está vazio, todo mundo já foi embora, só sobra eu, minha esposa e meus dois filhos dizendo ‘olha o nome do papai!’”. Falei: “Por causa de duas linhas de texto…”, mas foi isso. Eles são os donos, a decisão é deles. Então eu e Bowser’s Fury não fomos creditados porque as duas músicas são deles.
Grant Kirkhope, compositor de Banjo-Kazooie
Segundo ele, o trecho foi extraído diretamente do jogo original — com ele tocando guitarra — e inserido no filme sem nova gravação.
Novo Donkey Kong está chegando no Switch 2
A Nintendo anunciou Donkey Kong Bananza, o primeiro jogo 3D do personagem desde DK64. Kirkhope elogiou a direção artística e musical do projeto, mas lamentou não estar envolvido.
Acho simplesmente fantástico. A Nintendo é fantástica. Eles seguem o próprio caminho, e é isso que eu admiro neles; simplesmente dizem “vamos fazer isso” — e fazem. Eu só ouvi o trailer, então não sei se aquela música está mesmo no jogo — mas, se estiver, achei que soa ótimo. Vai ser incrível — é a Nintendo, né? É a praia deles. Quando a Rare se separou da Nintendo, eles devolveram o Donkey Kong e ficaram com o resto para a Microsoft. Então o DK é da Nintendo. Não consigo imaginar que vá ser algo menos do que fantástico. Queria ter participado, claro. Mas, infelizmente, não participei. Acho que o DK Rap já deu o que tinha que dar. Não tem mais como ele voltar.
Grant Kirkhope, compositor de Banjo-Kazooie
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E a trilha de Yooka-Replaylee?
Kirkhope também comentou sobre a nova versão de Yooka-Laylee, com trilha totalmente regravada por orquestra. Para ele, trabalhar com músicos reais é a experiência máxima para um compositor.
Eu realmente acho que, sendo compositor para mídias — como temos que nos chamar hoje em dia — espera-se que façamos muito mais. Você tem que compor, mixar, masterizar, fazer tudo. Você faz o trabalho inteiro sozinho, a menos que tenha uma equipe enorme — eu não posso pagar por isso, então faço tudo eu mesmo. E agora, com o advento de orquestras ao vivo, muita gente está usando músicos de verdade. Então, para Yooka-Replaylee, nós voltamos e regravamos todas as músicas das fases com orquestra ao vivo — essa é a diferença na trilha sonora do próximo lançamento. Isso é fantástico. Não há nada melhor para um compositor do que estar em uma sala com seres humanos reais tocando sua música. Esse é o auge do trabalho. Seres humanos simplesmente fazem coisas que levariam horas para programar em um computador. Metade do tempo, quando você escreve música orquestral com samples, está tentando fazê-la soar humana — porque, do contrário, soa perfeita demais.
Grant Kirkhope, compositor de Banjo-Kazooie
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