Assassin’s Creed Shadows e a polêmica de Yasuke, o samurai negro

Durante séculos, Yasuke, um escravo africano que se tornou parte da história do Japão feudal, era apenas uma curiosidade histórica. Agora, ele é o epicentro de uma tempestade cultural no mundo dos games, mais precisamente em Assassin’s Creed Shadows.

Imagine um escravo africano que se torna um samurai no Japão feudal e, séculos depois, vira o pivô de uma grande controvérsia no universo dos games. É isso mesmo! Prepare-se para descobrir como um personagem histórico pode agitar tanto o presente quanto o passado!

O anúncio que abalou as redes

Em 15 de maio, a Ubisoft revelou seu mais recente projeto, Assassin’s Creed Shadows. Ambientado no período Sengoku do Japão, o jogo promete aventuras furtivas e violentas, típicas da série. Confira o trailer:

YouTube player

A grande novidade de Assassin’s Creed Shadows? A inclusão de Yasuke, um personagem baseado no escravo africano que ganhou a confiança do senhor da guerra Oda Nobunaga, como um dos protagonistas ao lado da ninja feminina Naoe.

Para muitos, esse foi o primeiro contato com Yasuke, um dos primeiros samurais não-japoneses da história. Mas nem todos receberam a notícia de braços abertos. Nas redes sociais, especialmente no X (anteriormente Twitter), Reddit e YouTube, críticas ferozes surgiram, questionando a autenticidade e a intenção por trás dessa escolha.

Yasuke era mesmo um samurai?

Descubra a polêmica de Yasuke, o samurai negro, em Assassin's Creed Shadows. Mergulhe na história e explore essa fascinante narrativa.
Imagem: Reprodução

Os críticos alegam que Yasuke nunca foi um verdadeiro samurai. No Reddit, alguns afirmam que a nomeação de um homem negro ao status de samurai por Nobunaga só poderia ter sido uma piada. No YouTube, a Ubisoft foi acusada de forçar uma agenda “woke”. Como resultado, a página da Wikipedia de Yasuke foi bloqueada para edições não autorizadas.

Para Thomas Lockley, professor da Universidade Nihon, Yasuke foi chamado de “tono” (senhor ou mestre), recebeu um estipêndio de Nobunaga e carregou suas armas, um sinal de imensa honra na época. “Não há nenhum pedaço de papel que diga que Yasuke era um samurai”, diz Lockley. “Mas também não há para qualquer outro samurai.”

Interessantemente, nenhum historiador japonês respeitável questiona a legitimidade de Yasuke como samurai, incluindo Sakujin Kirino, um dos principais especialistas no Incidente de Honnoji de 1582, evento no qual Yasuke estava presente.

Veja também:

Ubisoft e a controvérsia de Assassin’s Creed Shadows

A Ubisoft não é estranha às controvérsias. A empresa tem sido criticada pela implementação de mecânicas de pagamento para ganhar e pela queda na qualidade de seus jogos desde o início dos anos 2000. Alguns jogadores acreditam que a Ubisoft está usando a polêmica em torno de Yasuke para impulsionar o engajamento de Assassin’s Creed Shadows que, de outra forma, poderia passar despercebido.

Descubra a polêmica de Yasuke, o samurai negro, em Assassin's Creed Shadows. Mergulhe na história e explore essa fascinante narrativa.
Imagem: Reprodução

A edição de colecionador de Assassin’s Creed Shadows inclui acesso antecipado de três dias, uma estátua de alta qualidade de Naoe e Yasuke, uma katana tsuba em tamanho real e muito mais pelo “módico” preço de US$ 280, ou seja, R$ 4 mil ou R$ 5 mil no Brasil, via importação.

Reflexões importantes

A história de Yasuke é fascinante e merece ser contada com respeito e precisão. Infelizmente, parece que a Ubisoft pode não estar à altura dessa tarefa. O lançamento de Assassin’s Creed Shadows reacendeu debates sobre autenticidade histórica e representatividade nos jogos, mostrando que, mesmo no entretenimento, as guerras culturais estão mais vivas do que nunca.

Enquanto alguns veem a inclusão de Yasuke como um passo positivo, outros a enxergam como uma tentativa forçada de ser politicamente correto. Independente de qual lado você esteja, uma coisa é certa: Yasuke conseguiu, séculos depois, fazer com que todos falem sobre ele. E, no mundo dos games, ser o centro das atenções pode ser mais valioso do que qualquer certificação histórica.

Comentários estão fechados.