Análise aprimorada de Senua’s Saga: Hellblade II (PS5)

Senua’s Saga: Hellblade II é um jogo curioso. Embora não se destaque por ser um título perfeito, ele ainda vale a pena ser jogado. Continuando a história do primeiro jogo, de 2017, a sequência se aprofunda em seus melhores e piores aspectos, com uma narrativa cinematográfica marcante, visuais deslumbrantes e um design de som único. Sem dúvida, a Ninja Theory se destacou nesse campo — é difícil encontrar títulos para PS5 que tenham uma experiência gráfica e sonora tão rica.

Porém, esses elementos vanguardistas não conseguem compensar a jogabilidade, que é bastante simples e repetitiva. Hellblade 2 faz uma ponte entre as sequências cinematográficas com longos trechos de caminhada, quebra-cabeças fáceis e combates básicos. Essa mistura resulta em uma experiência que pode ser bem desigual.

A protagonista Senua volta a enfrentar sua batalha contra a psicose, buscando libertar seu povo da escravidão em sua jornada pela terra dos vikings, a Islândia. Após um naufrágio, ela toma um viking como prisioneiro e o obriga a guiá-la até o líder de seu povo.

Com apenas seis horas de conteúdo, o enredo flui rapidamente, apresentando personagens que trazem histórias sobre gigantes e seres ocultos. Mas será que tudo isso é real? O jogo mergulha nas alucinações e vozes internas de Senua, criando uma atmosfera em que o real e o irreal se misturam. As personagens aparecem e desaparecem, e o ambiente muda com um simples movimento da câmera.

Essa incerteza traz uma camada extra de emoção, especialmente em momentos que, de outra forma, seriam apenas caminhadas tranquilas. O design sonoro é de alto nível; as vozes internas sussurram em seus ouvidos, oferecendo comentários sobre as ações de Senua. É um toque que mantém a tensão elevada, mesmo nas cenas mais calmas.

O problema é que a própria jogabilidade deixa a desejar. Jogar o título envolve basicamente andar, resolver quebra-cabeças simples e lutar com espadas. Embora esse formato seja comum em muitos jogos para PS5, em Hellblade 2 ele se mostra insatisfatório.

Os quebra-cabeças de símbolos retornam do primeiro jogo, onde você precisa procurar objetos para alinhar em um determinado ângulo e desbloquear caminhos. Há também um novo tipo de quebra-cabeça que envolve coletar orbes em pedestais, alterando o ambiente para acessá-los. No entanto, ambos são tão fáceis que muitas vezes não merecem ser chamados de quebra-cabeças.

O sistema de combate também é bem básico. Senua possui ataques normais e pesados, pode bloquear e desviar, além de encontrar um espelho que, ao acumular golpes, permite desacelerar o tempo. Embora os confrontos frequentemente envolvam vários inimigos, a câmera sempre foca em apenas um deles, transformando tudo em duelos repetidos. Com o passar do tempo, essa repetição se torna cansativa, e até mesmo a simples caminhada pela bela paisagem pode ser a melhor parte da jogabilidade.

As paisagens da Islândia, com suas câmeras deslizantes, são de tirar o fôlego. O jogo é considerado um dos mais bonitos do PS5, ao lado de Death Stranding 2. Os gráficos, a iluminação nas cavernas e a performance dos personagens são realmente impressionantes.

É uma pena que, em um mundo tão espetacular, haja tão pouco a ser feito. Você pode admirar a beleza, mas mal pode interagir com ela.

Apesar das falhas na jogabilidade, o jogo tem suas qualidades. A performance de Melina Juergens como Senua é incrível, e a resposta tátil do controle traz as vozes internas mais próximas da sua experiência de jogo. Em resumo, Hellblade 2 se destaca mais nos aspectos que não exigem jogabilidade intensa.

Nesta nova edição aprimorada para PS5, a Ninja Theory também incluiu modos extras e atualizações técnicas. Após 15 meses de exclusividade no Xbox, a versão original rodava a 30 quadros por segundo, enquanto a edição atual permite jogar a 60fps, o que resulta em uma experiência mais suave e satisfatória.

Além disso, temos a adição de um modo de comentário dos desenvolvedores e um novo “Modo Dark Rot”. No primeiro jogo, éramos avisados de que se morrêssemos muitas vezes, a “Rot” consumiria Senua e teríamos que recomeçar. Agora, essa advertência se torna realidade: no modo de dificuldade superior a “Difícil”, você tem apenas três vidas. Ao morrer pela quarta vez, seus dados são apagados e você recomeça do início.

Esses modos adicionais são desbloqueados apenas após completar o jogo base, e com razão, pois são bem desafiadores. Em nossas tentativas, não conseguimos ir além do segundo capítulo. Embora o combate continue sendo bastante monótono, o modo Dark Rot traz uma intensidade maior ao jogo.

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