Análise de The Outer Worlds 2 para PS5

The Outer Worlds 2 traz de volta a mágica dos jogos de RPG que marcaram a Obsidian como um grande nome do gênero. Esse novo capítulo é maior e, em muitos aspectos, melhor que o anterior. O jogo oferece uma quantidade impressionante de escolhas e consequências para os jogadores, criando uma experiência envolvente.
Quando você se aventura nesse universo, a construção do seu personagem, as alianças com diferentes facções e a maneira como influencia os membros do seu grupo trazem uma camada extra de complexidade. São cerca de 50 horas de campanha, onde decisões importantes se acumulam e impactam a narrativa de maneiras significativas.
Cada um terá uma maneira única de viver essa experiência. O jogo está repleto de testes de habilidade que permitem ou bloqueiam opções de diálogo e interações, dependendo das especializações em que você investiu. Além disso, a moralidade do seu personagem também traz uma dinâmica interessante. Você não é obrigado a ser o herói da história, o que pode levar a momentos onde você pondera a possibilidade de usar a força para alcançar seus objetivos.
As missões têm um formato que parece sempre se ramificar, e as conversas estão cheias de surpresas que podem levar a respostas inesperadas. Especificamente, The Outer Worlds 2 se destaca como um RPG muito cativante, fazendo você pensar bem sobre cada passo que vai dar.
No entanto, há um ponto que acaba sendo um problema crônico da série. O cenário de ficção científica é distópico, mas apresenta elementos cômicos. As colônias, isoladas da Terra, são dominadas por corporações claramente malignas ou por organizações com práticas um tanto questionáveis. Dentro desse sistema solar, está rolando uma guerra entre entidades problemáticas.
A construção do mundo é tão carregada de paródia que, por vezes, a ironia pode acabar diluindo a carga emocional que o jogo tenta transmitir. Não se espera que a Obsidian faça um RPG que aborde questões super sérias, mas fica difícil se conectar verdadeiramente com as facções quando todas parecem tão caricatas.
Isso também se aplica aos habitantes dessas facções. Fora alguns personagens principais, é fácil esquecer muitos dos NPCs, que se tornam apenas ecos das ideias de suas facções, deixando pouco espaço para se importar com suas histórias individuais.
Por conta disso, interagir com a maioria dos personagens em The Outer Worlds 2 pode ser um pouco monótono. O jogo é bem escrito e, em muitos momentos, engraçado — como é típico dos trabalhos da Obsidian — mas a falta de profundidade em seus personagens prejudica o envolvimento emocional.
Infelizmente, seus aliados também não seguram muito a onda. Você começa jogando como um personagem totalmente personalizável, conhecido como o Comandante, e, após um incidente catastrófico na introdução, a missão agora é corrigir tudo. Durante a jornada, você poderá recrutar um time bastante eclético, mas a verdade é que a decisão de trazer ou não alguém é sua, e você pode até deixar passar um potencial aliado por conta de suas escolhas.
Até os aliados, que poderiam ser interessantes, acabam caindo em clichês. Embora alguns tenham características divertidas, a falta de desenvolvimento os torna diáfanos, limitando-se a defender as ideias de suas facções.
No entanto, as missões específicas de cada membro do grupo permitem que você explore suas personalidades — e, em alguns casos, até altere suas mentalidades. Portanto, mesmo que não se crie uma conexão imediata, o fato de afetar o desenvolvimento deles é uma adição que traz frescor aos relacionamentos.
Em termos de exploração, The Outer Worlds 2 é muito mais expansivo que seu predecessor. Com vários planetas colonizados, os mapas, embora menores que os típicos mundos abertos, são totalmente exploráveis. Você pode seguir a direção que preferir e há uma boa quantidade de missões secundárias e segredos a serem descobertos. Essa liberdade é um grande avanço e é revigorante poder sair e explorar após tantas conversas com os locais.
As batalhas também têm um papel importante. O Comandante e sua equipe vão enfrentar diversas criaturas alienígenas enquanto transitam de um lugar para outro. O combate está visivelmente melhorado, com uma jogabilidade mais rápida e um sistema de combate corpo a corpo mais completo.
As armas agora têm um impacto satisfatório e os inimigos reagem de forma mais convincente ao dano causado. Embora não seja perfeito e algumas vezes a ação fique um pouco “leviana”, a Obsidian conseguiu melhorar significativamente esse aspecto, incluindo lutas contra chefes bem elaboradas.
Você também terá diferentes abordagens para os combates. Os chamados “Gadgets”, que podem ser desbloqueados em algumas missões, funcionam como habilidades com tempo de recarga. Um deles desacelera o tempo, outro cria um escudo de dano, além de um útil dispositivo que revela inimigos através das paredes.
Essas adições não revolucionam o jogo, mas dão um toque de originalidade ao estilo de ação típico de The Outer Worlds. Juntando isso a uma variedade de armas inusitadas, como espingardas que disparam ácido e um martelo de guerra movido a roleta, fica claro que o jogo quer que você se divirta enquanto causa destruição.
É uma pena, no entanto, que seus aliados ainda sejam um fardo em algumas situações. Assim como no primeiro jogo, a inteligência artificial dos companheiros muitas vezes deixa a desejar, fazendo com que eles não procurem abrigo ou até corram desastrosamente para o centro da batalha.
No nível normal de dificuldade, os companheiros podem ser eliminados com rapidez se você não estiver sempre dando suporte. O Outer Worlds 2 adora colocar o jogador contra ondas de inimigos — especialmente nas missões principais — e essa situação pode fazer com que seus parceiros se tornem um peso. Apesar de o Comandante ser competente o suficiente para lidar com a maioria dos desafios, a expectativa é de que o desenvolvedor ajuste essas questões em atualizações futuras.
Em sua maioria, The Outer Worlds 2 parece tecnicamente sólido, mas esbarramos em alguns bugs chatos relacionados à interface e até em algumas quests que quebraram, obrigando-nos a recarregar salvamentos antigos. Embora essas falhas sejam problemas menores, elas podem se acumular.
No aspecto gráfico, o jogo oferece modos de Qualidade ou Performance no PS5. O primeiro é limitado a 30 quadros por segundo, o que pode prejudicar a experiência em um jogo com tanta ação. O modo Performance busca 60 quadros por segundo, mas reduz detalhes ambientais. Pequenos elementos, como animações de grama, podem ser cortados ou eliminados, o que pode ser um pouco distrativo. O chamado “pop-in” é mais frequente, então, embora o modo Performance seja a melhor opção em termos de desempenho, não é exatamente ideal.
Falando em visuais, The Outer Worlds 2 é indiscutivelmente mais bonito que o primeiro jogo, mas os NPCs ainda têm um aspecto um tanto “massapão” e as animações faciais são bem simples. Há belíssimos céus para admirar e cada planeta tem uma estética própria, mas, ao se aproximar, o visual ainda parece um pouco datado.
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