Battlefield 6 traz guerra moderna e multiplayer intenso

Depois de um período conturbado, Battlefield finalmente parece ter encontrado seu caminho de volta. Após a decepção que foi Battlefield 2042, a franquia precisava de um resgate, e é exatamente isso que Battlefield 6 entrega. É uma reconexão com o caos e a grandiosidade que tornaram a série tão especial, agora com uma qualidade que parece ter sido polida com o cuidado que há tempos não víamos por parte da EA.

Logo nas primeiras partidas, fica claro que o jogo brilha onde mais importa. O tiroteio é frenético, os movimentos são rápidos e, ao mesmo tempo, o som é uma experiência à parte, como um espetáculo que transforma cada jogatina em um evento singular. Mesmo quando tudo fica fora de controle – e isso acontece com frequência – há um prazer único em fazer parte desse caos aparentemente organizado que só Battlefield consegue oferecer.

Quando falamos da campanha, a intenção é boa, mas falta um pouco do impacto que o multiplayer proporciona. Ela serve como uma introdução interessante ao universo do jogo, com visuais cativantes e missões variadas, mas não tem o mesmo peso das batalhas online. Contudo, a campanha é um ótimo aquecimento para o que realmente faz o jogo brilhar: a experiência multiplayer.

O novo comando da guerra

Quando Vince Zampella assumiu a direção de Battlefield, o clima era de incerteza. Após o tropeço de 2042, a série parecia ter perdido o rumo enquanto Call of Duty conquistava cada vez mais espaço. Zampella, famoso por seu trabalho em títulos icônicos como Modern Warfare 2 e fundados da Respawn (responsáveis por Titanfall e Apex Legends), parecia ser o nome certo para dar nova vida à franquia que sempre foi tão potente.

E ele realmente conseguiu. Sob sua orientação, a Battlefield Studios uniu equipes e repensou sua filosofia de design, deixando para trás as experiências fragmentadas que dividiram a comunidade. O resultado é um jogo que não busca reinventar a roda, mas sim aprimorar suas engrenagens. Às vezes, o melhor caminho é voltar às origens.

O retorno à essência

Jogar Battlefield 6 é como redescobrir aquilo que amamos na série há mais de dez anos. O clima de caos controlado, as explosões e os tiros são uma reminiscência dos títulos anteriores. A sensação de estar em uma guerra viva, onde cada ação faz parte de algo maior, volta a ser palpável.

Assim que peguei o controle, percebi uma forte influência de Battlefield 3 e 4. O ritmo é tático, mas fluido. As classes de personagens são novamente o coração do jogo, enfatizando a importância de cada função. O papel do engenheiro vai além de consertar; ele é crucial para a sobrevivência da equipe.

Descobri um prazer renovado em jogar em equipe. O ato de segurar uma posição ou ser resgatado por um companheiro traz uma satisfação única. Até mesmo nas derrotas, há um senso de contribuição para o todo.

O design dos mapas realça ainda mais essa nova experiência. Cada ambiente é pensado para equilibrar a intensidade com o espaço. Com o retorno de mapas icônicos como Operation Firestorm, a série lembra aos jogadores por que se apaixonaram por essas batalhas.

Campanha: bonita, mas esquecível

Terminei a campanha em pouco mais de cinco horas. Apesar de ter tido seus momentos divertidos, confesso que tem sido difícil lembrar dos detalhes. A narrativa, apesar de visualmente impressionante, se perde em um ritmo acelerado, como se o jogo temesse dar um tempo para respirar.

Os personagens são funcionais, mas a história carece de profundidade. Há missões que realmente se destacam, mas outras parecem recicladas de experiências de FPS passados. A execução técnica é excelente, mas falta um impacto que faça você querer revisitar a campanha.

Por isso, a campanha serve mais como uma introdução ao universo do jogo do que propriamente um grande atrativo.

Multiplayer: o verdadeiro espetáculo

O multiplayer é onde Battlefield 6 realmente se destaca. Após anos buscando uma identidade, o jogo oferece o que se esperava da franquia: ritmo, imersão e uma sensação constante de guerra envolvente. A fluidez dos controles e a estabilidade dos servidores, que continuam sólidos desde o lançamento, são notáveis.

O matchmaking é rápido e eficiente, permitindo que você entre na ação sem longas esperas. Quando os jogadores são poucos, bots entram para manter o jogo dinâmico, embora ainda exijam melhorias.

O sistema de armas, dividido em open e closed weapons, foi uma escolha polêmica que acabou se mostrando eficaz. Enquanto modalidades com armas abertas favorecem a experimentação, aquelas com armas fechadas recuperam o equilíbrio clássico entre classes.

As partidas proporcionam um progresso constante, onde você vai desbloqueando equipamentos e vantagens que fazem com que cada jogatina pareça única. Os menus, por sua vez, também estão mais eficientes e ágeis, trazendo um sentimento de respeitar o tempo do jogador.

Mapas e campo de batalha

Os mapas mostram um domínio impressionante do estúdio em ritmo e escala. São amplos, variados e se adaptam a diferentes modos de jogo, mantendo a intensidade em qualquer situação. Mapas como Manhattan Bridge equilibram combate urbano e verticalidade, enquanto Liberation Peak permite um fluxo constante de ação.

Essa flexibilidade é evidente em Saints Quarter, que oferece um combate de rua intenso, e em Empire State, que destaca a verticalidade das batalhas. Já Operation Firestorm é uma ode aos fãs, trazendo de volta uma experiência de combate tão envolvente quanto visceral.

Modos de jogo

Battlefield 6 traz uma variedade robusta de modos, cada um com um objetivo claro. O modo Conquista ainda é o coração das batalhas, mas o novo Escalada se destaca, combinando mecânicas de Conquista com uma estrutura que lembra um battle royale, forçando os jogadores a se aproximarem.

Os modos de adição recente, como Ruptura e Investida, funcionam muito bem na nova estrutura, mantendo sempre a tática e a ação em equilíbrio. Os modos de partida rápida, como Dominação e King of the Hill, garantem uma experiência intensa de curta duração, algo que o público tanto deseja.

Para quem gosta de personalização, o retorno dos Jogos da Comunidade permite criar partidas com regras próprias, devolvendo parte da identidade social que a série apresenta.

Classes e especializações: o retorno da identidade

As quatro classes primordiais estão de volta e agora contam com um sistema de especializações que diversifica ainda mais a jogabilidade. A troca de roles durante as partidas é mais orgânica, e mesmo sem voz, você percebe como sua função pode impactar sua equipe.

Esse design mantém o espírito coletivo da série intacto, ressaltando que Battlefield sempre foi sobre colaboração e não apenas sobre o incentivo a eliminações individuais.

Progressão e personalização

A progressão em Battlefield 6 é equilibrada, sem prometer recompensas exageradas que não se traduzem em jogabilidade. O sistema de desafios diários, semanais e sazonais mantém o jogador engajado, incentivando a exploração de diferentes classes.

As customizações estão mais limpas e intuitivas, evitando microtransações invasivas e proporcionando uma experiência fluida.

Veículos e caos em movimento

Os veículos, um dos pontos altos da série, são devidamente valorizados em Battlefield 6. A destruição convincente e equilibrada faz com que usar um tanque ou um helicóptero seja tanta uma experiência de cinema quanto uma jogatina intensa.

Pilotar um veículo é participar de um roteiro de guerra em tempo real, onde cada explosão parece ter peso. A interação entre os veículos e o cenário é feita com destreza, o que transforma cada batalha em uma cena digna de um grande diretor de cinema.

Técnica e performance

Graças à nova versão do Frostbite Engine, o jogo oferece um desempenho impressionante. Mesmo em situações de alta demanda, como explosões e muitos jogadores em campo, o jogo mantém uma performance estável, garantindo que a experiência não seja interrompida.

O sistema de som é outro destaque. O design de áudio foi aprimorado, com uma mixagem que potencializa a imersão, tornando cada tiro e cada explosão uma parte integral da interação.

Sons de guerra

O novo sistema de som chamado War Audio VAL torna a experiência muito mais intensa. Os efeitos sonoros são desenhados de maneira a proporcionar uma sensação de direção clara, te alertando sobre perigos iminentes antes mesmo de serem visualizados.

Tudo cai e é por isso que você jamais esquece

Em um determinado momento de jogo, estando posicionado como Recon, senti a potência do sistema de destruição. Um tanque inimigo descobriu meu esconderijo e, ao ser atingido, vi o prédio desmoronando ao meu redor — uma experiência tão visceral que parei para rir da absurda coreografia da guerra.

A destruição convincente impacta as decisões dos jogadores, transformando cada rodada em um desafio imprevisível e emocionante.

Areia nas engrenagens

No entanto, mesmo com tantas qualidades, Battlefield 6 ainda apresenta algumas falhas. Os menus e a interface podem frustrar os jogadores pela falta de funcionalidade. Além disso, a IA em algumas partes da campanha parece inconsistente.

O campo de batalha adiante

O lançamento de Battlefield 6 não é o fim, mas o início. A primeira temporada está marcada para 28 de outubro, trazendo novos conteúdos e um uso mais eficaz de feedback da comunidade.

Battlefield 6 pode se tornar o primeiro título da série a evoluir em tempo real, aprendendo com os jogadores. Se tudo continuar conforme o esperado, o retorno ao protagonismo pode estar ao alcance.

Vale a pena jogar Battlefield 6?

Com certeza! Battlefield 6 é um exemplo de equilíbrio entre nostalgia e inovação. Ele redefine o que a série sempre foi e promete trazer aos fãs uma imersão única em batalhas épicas.

Prós:

  • Multiplayer cinematográfico e imersivo
  • Destruição convincente de ambientes
  • Sistema de classes revitalizado
  • Som de alta qualidade

Contras:

  • Campanha breve e previsível
  • Bugs e quedas de desempenho pontuais

Battlefield 6 é, sem dúvida, uma carta de amor aos fãs de FPS. A cada partida, a tradição da franquia se reafirma, mostrando que os jogos são mais do que entretenimento; eles têm o poder de nos transportar para uma experiência coletiva única.

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