Hollow Knight: Silksong divide opiniões após 7 anos de espera; beleza ou frustração?

Após anos de silêncio e expectativas cada vez maiores, Hollow Knight: Silksong finalmente se aproxima de seu lançamento. O título, sucessor de um dos indies mais aclamados da última década, nasceu sob o peso de uma responsabilidade imensa: ser não apenas tão bom quanto o original, mas superar o impacto que Hallownest deixou nos jogadores.
Mas a recepção inicial mostra que o jogo pode estar vivendo uma verdadeira crise de identidade. Enquanto seu visual e trilha sonora arrancam elogios, a dificuldade punitiva e algumas escolhas de design estão dividindo opiniões.
A beleza sombria de Pharloom
É impossível não se impressionar com o trabalho artístico da Team Cherry. O novo mundo de Pharloom expande a atmosfera melancólica de Hallownest, adicionando uma paleta mais diversificada de cores e cenários.
- Mosshome, uma floresta tomada pelo verde e pela vida
- Greymoor, com tempestades cinzentas e opressivas
- Deep Docks, um ambiente industrial sufocante
- The Citadel, dourada e imponente, mas igualmente ameaçadora
Cada área transmite uma sensação própria, graças ao uso cuidadoso de camadas, parallax e trilha sonora emocional. O resultado é um universo que parece vivo, ameaçador e ao mesmo tempo fascinante.
Hornet em ação: animação impecável
No controle da protagonista Hornet, o jogador encontra um dos pontos altos da experiência: movimentação fluida e combates precisos. Seus golpes e habilidades — dash, pulo nas paredes, salto flutuante — dão uma sensação única de liberdade.
O ataque diagonal, diferente da investida larga do Cavaleiro no jogo original, pode estranhar no início. Mas quando dominado, oferece momentos de pura satisfação, especialmente ao rebater inimigos e cenários.
A polêmica da dificuldade
Aqui começa a divisão de opiniões. A Team Cherry apostou em um nível de dificuldade elevado, mas nem sempre justo. Exemplos como o chefe Last Judge ou a dançante Cogwork Dancer são desafiadores de forma equilibrada, testando reflexos e estratégia.
Por outro lado, pontos como inimigos e armadilhas causando dois pontos de dano por contato — quando Hornet inicia com apenas cinco máscaras de vida — tornam a progressão desgastante. Some a isso corridas longas até chefes por causa de bancos mal posicionados, e o resultado é frustração.
A infame armadilha do banco em Hunter’s March é um exemplo claro: um ponto de descanso que quebra a própria regra do jogo ao atacar o jogador desprevenido com uma armadilha escondida.
Exploração: medo ou curiosidade?
Um dos maiores atrativos do gênero Metroidvania é a sensação de descoberta. Mas em Silksong, a punição constante transforma a exploração em ansiedade. Em vez de pensar “o que será que há atrás desta parede?”, muitos jogadores só se lembram do quão distante estava o último banco seguro.
O sistema de economia também contribui para essa tensão. As preciosas rosas de Pharloom, usadas como moeda, podem ser perdidas facilmente caso o jogador morra antes de chegar a um casulo. Isso incentiva repetidas viagens para vendedores ou máquinas que guardam a quantia, quebrando o ritmo da aventura.
Conteúdo extra pouco aproveitado
Silksong apresenta as Wishes, missões secundárias dadas por personagens espalhados pelo mundo. Embora adicionem um pouco de humor e personalidade, muitas delas reduzem-se a tarefas repetitivas, como eliminar grupos de inimigos.
Já as ferramentas e Crests trazem algum frescor, oferecendo variações de combate. Gadgets como bombas de fogo e armadilhas flutuantes ajudam em lutas mais intensas. Os Crests, em particular, alteram drasticamente as habilidades de Hornet, trazendo dinamismo à jogabilidade.
No entanto, escolhas como o Compass, essencial para navegação mas ocupando um espaço de personalização, limitam a liberdade estratégica do jogador.
O fim que desaponta
Mesmo após dezenas de horas, Silksong surpreende negativamente ao impor uma fetch quest obrigatória antes do confronto final. Essa exigência lembra o criticado Artifact Hunt de Metroid Prime, um erro que muitos esperavam não se repetir. O resultado é uma quebra brusca no ritmo, deixando um gosto amargo no final de uma jornada já marcada por altos e baixos.
Hollow Knight: Silksong é, sem dúvida, um espetáculo visual e sonoro. A riqueza artística de Pharloom e a fluidez dos movimentos de Hornet são pontos fortes que dificilmente passarão despercebidos.
Mas a insistência da Team Cherry em abraçar um estilo Soulslike punitivo pode ter comprometido a essência do gênero Metroidvania, que sempre priorizou curiosidade e fluidez. O jogo entrega momentos brilhantes, mas também frustrações que podem afastar parte do público.
Após 7 anos de espera, Silksong surge como uma obra impressionante e polêmica ao mesmo tempo — e talvez essa seja sua verdadeira identidade: um título que dividirá jogadores entre amor e frustração.
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