Tony Hawk’s Pro Skater 3 + 4: nostalgia com desafios à vista

Minha memória de skate está cheia de histórias e sensações. É como lembrar do cheiro de lixa queimada e do gosto amargo de uma queda. O retorno a Tony Hawk’s Pro Skater 3 + 4 em 2025 é como visitar um lugar familiar que já foi reformado. O cenário mudou, mas a essência permanece.

O jogo está mais bonito e rápido, mas algo parece fora de lugar. A nostalgia é forte, mas talvez eu tenha mudado mais do que o game.

Primeiro push no estacionamento vazio

O tutorial continua lá, com Tony Hawk explicando como fazer um kickflip. Para quem está de volta depois de um tempo, isso pode ser útil. No entanto, quem já tem experiência pode querer pular essa parte. Aqui não há nada realmente novo — é tudo reciclado.

Mesmo assim, o tutorial cumpre seu papel. Ele apresenta as dicas sobre os combos e timing, funcionando como um aquecimento para aqueles que já estão familiarizados.

Skate envolve ritmo e repetição. Tony Hawk’s Pro Skater 3 + 4 ainda entende isso. A física continua aquela delícia de controle total, onde você cria suas linhas e, se falhar, a culpa é sua ou do dedo nervoso no controle. Os combos são uma dança entre a realidade e a técnica, o que transforma a gameplay numa verdadeira maratona mental.

Mas nem tudo funciona tão bem. O jogo parece mais lento em alguns momentos, talvez pela falta de familiaridade entre a memória e a execução. A repetição aparece mais rápido do que nos remakes anteriores, como se faltasse a surpresa que deixava tudo mais divertido.

Ainda assim, conseguir um combo recheado de pontos traz uma sensação de alegria que poucos jogos oferecem. Para um skatista, isso vale mais do que conquistar todas as conquistas do game.

Como reencontrar seu antigo pico de rolê

Voltar aos mapas de Tony Hawk’s Pro Skater 3 e 4 é como revisitar um lugar onde você aprendeu a cair sem chorar. Algumas coisas mudaram, outros elementos continuam, mas a nostalgia pode ser frustrante.

No Airport, por exemplo, os movimentos vêm de forma automática. Você já sabe onde acertar o manual, mesmo sem pensar. A curva de dificuldade é familiar, mas agora está mais bonita em 4K.

Os cenários clássicos estão remasterizados, mas é possível sentir a ausência de alguns. O Foundry e o Cruise Ship ainda trazem a essência do passado, mas mapas como Kona parecem vazios.

E novos mapas, como o Water Park, são interessantes, trazendo uma estética decadente ideal para arriscar algumas manobras. É uma pena que alguns clássicos tenham ficado de fora, mas, no geral, a construção dos mapas ajuda a manter o ritmo dos combos.

Uma trilha sonora sem música e sem alma

Skate sem música é como um rolê sem emoção. A falta de uma trilha sonora marcante é um grande ponto negativo nesta sequência. Ao contrário do remake de THPS 1+2, que trouxe músicas que se fixaram na memória dos jogadores, aqui, a lista parece ter sido enxugada.

De 55 faixas que estavam na memória coletiva, apenas 10 retornaram. E a culpa não é só dos direitos autorais; faltou empenho na seleção. Apesar de algumas músicas novas, como Kick Push do Lupe Fiasco, a energia que a trilha original trazia foi deixada de lado.

A música deve ser parte da experiência, pulsando junto com o ritmo do jogo. Enquanto algumas novas faixas adicionam valor, a ausência de clássicos impacta.

Visual e performance com textura de lixa e brilho de shape novo

É inegável que o jogo está bonito, mas esse tipo de beleza pode ser enganoso. Os gráficos seguem o padrão polido do remaster anterior: texturas nítidas e iluminação bem construída, dando vida aos cenários. Contudo, a estética parece um pouco "muito limpa", como se tivesse passado por um filtro digital.

A performance, por outro lado, é impecável, com 60 fps mantendo a fluidez mesmo durante momentos intensos. Não há travamentos ou bugs relevantes, garantindo uma experiência tranquila.

Quando a session vira campeonato

Os dois minutos que você tem para mostrar suas habilidades são cruciais. O conceito dos mapas e objetivos continua, mas não traz grandes inovações. Esse reencontro é uma mistura de frustração e adrenalina, onde a pressão aumenta com o countdown.

A campanha de THPS 4 sente o peso dessa falta de liberdade, reduzindo a exploração a missões cronometradas. Mesmo assim, o desafio e a memória muscular ainda conseguem proporcionar prazer em cada sessão.

E a novidade do editor de parques permite criar objetivos personalizados, acrescentando uma nova camada ao jogo. A interface é simples, e a criatividade é o único limite.

Novos skatistas e conteúdo inédito: truque novo ou repeteco?

Ver novos skatistas junto com os clássicos é como trombar com amigos de infância. A inclusão de nomes como Lizzie Armanto e Tyshawn Jones mistura tradição e modernidade. E o Brasil brilha com a presença de Bob Burnquist, Letícia Bufoni e Rayssa Leal, representando a nova geração de skatistas.

O game também traz personagens secretos, como Michelangelo, que adiciona um toque divertido, mesmo que não seja o foco principal. As habilidades agora são compartilhadas entre THPS 3 e 4, o que torna a progressão mais fluida.

Vale a pena jogar Tony Hawk’s Pro Skater 3 + 4?

Tony Hawk’s Pro Skater 3 + 4 traz jogabilidade sólida e fases clássicas que ainda viciam. Contudo, a experiência não é tão completa quanto o remake anterior. A falta de uma trilha sonora marcante e algumas ausências sentidas na seleção de mapas podem desapontar quem esperava mais.

Porém, o prazer de mandar um trick no último segundo compensa. A nostalgia é a alma do jogo, e mesmo com suas falhas, ainda é uma viagem válida para quem cresceu com ver o skate em movimento.

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