Reino Unido rejeita petição para preservar jogos live service

O governo do Reino Unido rejeitou uma petição popular que solicitava mudanças nas leis para proteger os consumidores contra o encerramento de jogos do tipo live service. A petição, que reuniu mais de 10 mil assinaturas, pedia que as publishers fossem proibidas de desativar irrevogavelmente jogos que já foram vendidos, sem dar aos jogadores a opção de manter ou reparar o conteúdo.

Governo diz que leis atuais já são suficientes

Em resposta oficial emitida em 3 de fevereiro, o Departamento de Cultura, Mídia e Esporte (DCMS) reconheceu as preocupações dos consumidores, mas afirmou que as leis atuais oferecem proteção suficiente.

Estamos cientes das questões relacionadas à durabilidade do conteúdo digital, incluindo videogames, e apreciamos as preocupações dos jogadores cujos jogos foram descontinuados. No entanto, não temos planos de alterar a legislação atual sobre obsolescência digital, mas continuaremos monitorando o assunto.

Departamento de Cultura, Mídia e Esporte (DCMS)

O governo citou o Consumer Rights Act 2015 (CRA) e as Consumer Protection from Unfair Trading Regulations 2008 (CPRs), que já estabelecem diretrizes para a proteção do consumidor. No entanto, o DCMS também destacou que não há exigência legal para que as empresas de software continuem dando suporte a versões mais antigas de seus produtos.

Encerramento de jogos e impacto na comunidade

YouTube player

O encerramento de jogos live service tem se tornado um tema cada vez mais sensível na indústria. O caso mais emblemático foi o de The Crew, da Ubisoft, que foi retirado da lista de vendas em 2023 e desativado em abril de 2024, tornando-se completamente inacessível para quem havia comprado o jogo. A justificativa da empresa foi o alto custo de manutenção dos servidores e questões de licenciamento.

A repercussão negativa foi tão grande que a Ubisoft anunciou posteriormente modos offline para The Crew 2 e The Crew Motorfest, como forma de compensar os jogadores.

Outro exemplo recente foi o do jogo Concord, da Sony, que foi retirado do ar apenas duas semanas após o lançamento. A empresa não só desativou o jogo, como também removeu o título das lojas e ofereceu reembolsos para todos os compradores.

O futuro dos jogos live service e os direitos do consumidor

Imagem: Sony

Enquanto o governo do Reino Unido não planeja mudanças imediatas, a questão da obsolescência digital continua em debate.

Os consumidores questionam o fato de que, mesmo após a compra, não há garantias de que o jogo permanecerá acessível a longo prazo. Para muitos, isso representa uma lacuna nas leis de proteção ao consumidor, especialmente em uma era em que o formato digital domina o mercado.

O governo afirmou que continuará monitorando o tema e avaliando o trabalho da Competition and Market Authority (CMA) sobre direitos do consumidor e práticas comerciais desleais. No entanto, até que mudanças sejam implementadas, as empresas ainda têm liberdade para decidir sobre o futuro dos seus jogos, mesmo que isso signifique desativar produtos comprados pelos jogadores.

Leia mais:

Com o número crescente de jogos sendo desativados, o debate sobre a durabilidade do conteúdo digital e os direitos dos consumidores deve continuar ganhando força. Enquanto isso, os jogadores seguem atentos, esperando por medidas que garantam mais segurança na hora de investir em seus títulos favoritos.

Comentários estão fechados.